Nanowrimo: Mês Nacional da Escrita de Romances

O Nanowrimo é uma competição para estimular a prática da escrita com uma meta simples, porém ambiciosa: escrever um romance de 50.000 palavras em 30 dias.

Um verdadeiro desafio

É provável que você já tenha ouvido falar do Nanowrimo, National Novel Writing Month (Mês Nacional da Escrita de Romances, em tradução livre), que acontece todos os meses de novembro desde 1999. Essa iniciativa começou nos EUA, mas rapidamente tornou-se um fenômeno mundial. Existe até mesmo um fórum em português no site oficial, onde são organizados eventos que acontecem localmente para os escritores brasileiros.

Atualmente, centenas de milhares de pessoas escrevem romances durante o Nanowrimo.

O evento é uma maneira de estimular a prática de escrita criativa com uma meta simples, porém ambiciosa: escrever um romance de 50.000 palavras em 30 dias.

50.000 palavras é o mínimo para se considerar uma história como um romance, mas, dependendo do gênero ou do público-alvo, uma história desse tamanho seria considerada mais como uma novela.

Entretanto, escrever 50.000 palavras em um mês é um bom tamanho para incentivar e desafiar até mesmo aqueles que já possuem prática.

Para alcançar a meta no dia 30 de novembro, a média é de ~1.667 palavras por dia, o que pode ser desafiador para alguns. Considerando uma média (modesta) de escrita de 500 palavras por hora, seriam necessárias pouco mais de 3 horas de dedicação diária para se alcançar o objetivo no final do mês. Contudo, muitas pessoas conseguem escrever mais do que isso em uma hora, bastando seguir as dicas do final do artigo.

Todo ano milhares de pessoas ao redor do mundo participam da competição, que tem como prêmios:

  • um certificado de vencedor com o seu nome;
  • a sensação de dever cumprido (acredite, vale a pena); e,
  • uma novíssima história em seu nome, que você não tinha antes do mês começar.

Alguns casos de sucesso no Nanowrimo

Silo, de Hugh Howey: Howey é um dos expoentes da autopublicação através da internet. Ele lançou Silo como uma ‘noveleta’, mas, como ela fez bastante sucesso, o autor aproveitou o Nanowrimo para escrever mais três partes da história (60.000 palavras). 

O Circo da Noite, de Erin Morgensten: um bestseller imediato, mas que foi escrito durante três edições do Nanowrimo. A autora utilizou uma edição da competição para escrever o rascunho, e as outras duas para lapidá-lo.

Cinder, Scarlet e Cress, de Marissa Meyer: a autora conseguiu a façanha de triplicar a meta do Nanowrimo e escrever TRÊS livros que fazem parte da série Crônicas Lunares, totalizando 150.011 palavras em um mês. Um feito verdadeiramente inspirador.

Água para Elefantes, de Sarah Gruen: um dos livros mais conhecidos a surgir a partir do Nanowrimo, tornando-se um bestseller por anos e sendo adaptado até para o cinema. A autora usou o Nanowrimo para escrever o rascunho de outros romances, mas admite que “perdeu” a competição no ano em que escreveu Água para Elefantes, totalizando somente 40.000 palavras. Ninguém consideraria o sucesso que ela teve como uma derrota, não é mesmo?

O Caminho dos Reis, de Brandon Sanderson: o autor afirmou que o primeiro rascunho d’O Caminho Dos Reis (batizada de The Way of Kings Prime) foi escrito durante o Nanowrimo de 2002. A versão inicial da história não deu certo, pois, segundo o próprio autor, ele não tinha ainda habilidade suficiente para uma narrativa daquela magnitude. Entretanto, a semente fora plantada naquele mês de novembro. A versão final do livro, completada anos depois, tornou-se um bestseller nº1 do The New York Times. Sanderson diz que ainda participa do Nanowrimo sempre que possível.

Fica assim provado que o Nanowrimo é capaz de gerar histórias campeãs, mesmo que, inicialmente, sejam diamantes brutos. Não se deve desanimar. O importante é colocar as ideias no papel e alcançar a meta. 

Para isso, seguem abaixo algumas dicas para descomplicar o seu mês de novembro.

Dicas para ter sucesso no Nanowrimo

1 – Desligue o editor interno!

Essa é uma das dicas mais importantes para qualquer escritor que pretende escrever livros com regularidade: PARE DE APAGAR O QUE VOCÊ ESCREVE. Pode parecer estranho, mas cada vez que você apaga o que você escreve, você tolhe a sua criatividade e freia o fluxo de pensamento instintivo que alimenta o andamento da história. Só apague algo se for estritamente necessário para o seu entendimento da Trama.

Geralmente, após você terminar a história, você pode voltar para corrigir os erros ou reescrever os trechos que estiverem com problemas. Durante o primeiro rascunho, não apague erros bobos. Especialmente se forem erros de grafia: NÃO VOLTE ATRÁS PARA CORRIGIR ERROS DE GRAFIA ANTES DE TERMINAR A HISTÓRIA!

2 – Programe-se antes do dia 1

Para começar uma empreitada como essa, o ideal é preparar-se.

– Reserve os dias e horas nos quais você pretende se dedicar à escrita. Como você fará?

  • Acordar mais cedo para escrever de madrugada antes de ir ao trabalho?
  • Noite adentro, após chegar da faculdade?
  • No horário do almoço, com o notebook na mesa e o garfo na mão?
  • Dentro do coletivo, digitando a história pelo celular?

Não importa. Guarde os seus horários de escrita ferozmente. A constância é a chave do sucesso aqui.

3 – Faça um esboço ou plante uma semente

Nem todo escritor é do tipo que gosta de criar esboços detalhados antes de começar uma história. Existe uma dicotomia entre os “Arquitetos” e os “Jardineiros”, como George R. R. Martin se refere a eles. Os Arquitetos constroem suas tramas detalhadamente antes de começar a escrever a história). Já os Jardineiros partem de sementes de ideias e vão nutrindo-as até que a história tome forma própria.

Não importando em qual categoria você se encaixa, é possível perceber que é necessário ao menos um mínimo de preparo antecipado. Se você for um “arquiteto”, planeje a Trama, crie os personagens (ao menos um protagonista, um vilão/problema, e um pequeno elenco de personagens primários e secundários) e saiba ao menos um pouco sobre o Cenário onde se passa a história, para evitar ter que parar para pesquisar como funciona um motor de espaçonave à base de fusão nuclear, ou inventar um panteão, ou para criar a genealogia dos reis elfos. Não tente ser Tolkien durante o Nanowrimo.

Mesmo se você for um “jardineiro”, é recomendável que você tenha pelo menos uma noção do que se trata a história. Stephen King afirma que ele não faz esboços das histórias antes de escrevê-las; ele diz que coloca “personagens interessantes em situações interessantes”, e daí ele vê para onde a história caminha. Isso demonstra um mínimo de preparo: alguns personagens, um cenário e ao menos um obstáculo/situação-problema. Uma semente de história.

Concluindo

Uma das proezas do Nanowrimo é permitir que escritores coloquem no papel (ou tela) suas ideias brutas. Os meses ou anos seguintes podem ser usados para a lapidação da obra. Ou, você pode usar edições seguintes para refinar o rascunho ou editá-lo a seu gosto. A verdadeira competição é participar de um processo de criação desafiando a sim mesmo. Você só perde quando você desiste da sua imaginação.

Não se esqueça de se cadastrar!

Visite nanowrimo.org para criar seu perfil, ter acesso aos fóruns com diversas dicas e para poder dividir a experiência com outros escritores. Durante o evento também é possível participar de sprints, que são corridas de escrita com outros competidores, em um determinado período de tempo. Tudo é válido para alcançar a meta.

Caso você queira uma força ainda maior, para começar novembro pronto(a) para tudo, veja as aulas de escrita criativa legendadas gratuitas aqui no blog: https://comoescreverfantasia.com.br/curso-de-escrita-criativa-aula-02-parte-i-de-que-e-feita-uma-boa-trama/

Caso precise de ideias para despertar a imaginação, leia nossa lista de prompts de escrita: https://comoescreverfantasia.com.br/writing-prompts-ideias-para-escrever-agora/

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