Curso de Escrita Criativa – Aula 01 Parte IV: Jardineiros X Arquitetos

NOTAS DA AULA 01 PARTE IV

Destaques da Aula

• Escritores diferentes escrevem de maneira diferente. Não existe uma única maneira de se escrever um livro.
• Stephen King, um “Jardineiro”, em seu livro “Sobre a Escrita”, afirma que nunca se deve fazer esboços, pois ele podem matar a história; Já Orson Scott Card (autor de Ender’s Game) é famoso por ser um “Arquiteto”, criando esboços detalhados antes de começar a escrever e, então, com o esboço pronto, se senta e escreve o livro em poucas semanas.
• “Inspiração não é olhar para a parede e esperar “aparecer uma luz”. Inspiração é sentar e trabalhar até a luz aparecer.”

Jardineiros (ou “Descobridores”)

São aqueles que “cultivam” suas histórias a partir de sementes de ideias, ou que as “descobrem” conforme vão escrevendo. Não se dão bem quando precisam escrever dentro de uma estrutura muito amarrada.

Prós:

• A história soa mais orgânica e pode tomar rumos inesperados;
• Os personagens são mais vivos e reais.

Contras:

• Jardineiros podem sofrer da Síndrome do “Ah, mas não seria legal se…”, quando recebem feedback de grupos de escrita;
• Os finais tendem a ser anticlimáticos, pois não são pensados antes do tempo;
• Jardineiros tendem a voltar para revisar em demasia, impedindo que terminem as histórias.

Arquitetos (ou “Esboçadores”):

São os que criam esboços detalhados antes de começar a escrever, pois, de outra maneira, ficariam desnorteados.

Prós:

• Com o esboço pronto, a escrita costuma ser mais rápida do que a dos Jardineiros;
• Os finais costumam ser mais explosivos, pois os detalhes foram planejados muito antecipadamente;
• Arquitetos tendem a se beneficiar mais de grupos de escrita.

Contras:

• A história pode se tornar previsível e formulaica, caso o escritor se prenda a uma estrutura muito rígida;
• Os personagens soam mais artificiais, pois são criados para cumprir um “papel”;
• Arquitetos podem sofrer da Doença do Criador de Mundos (passar anos criando o mundo da história, mas nunca chegar a escrever a história propriamente dita);
• Arquitetos tendem a odiar revisões, o que pode impedir a melhora da história.

Sanderson afirma que, como Arquiteto, a falta de revisão foi um dos motivos para que ele tenha demorado tanto para ter seu livros publicados. Somente quando ele aprendeu a revisar é que suas histórias começaram a chamar a atenção das editoras.

Ele também diz que costuma “descobrir” os seus livros infantis (a série Alcatraz, por exemplo), pois são mais curtos, e isso serve como um exercício de criatividade.

Recomendação

Mesmo que você ache que se encaixa em um desses padrões, o ideal é experimentar o outro jeito em diferentes situações para verificar como você se sai. Sanderson afirma que usa as ferramentas do Arquiteto para criar a Trama e o Cenário, mas que “descobre” seus Personagens, pois assim eles soam mais vivos e reais. Na aula sobre criação de personagens, que postaremos em breve, haverá uma explicação mais aprofundada sobre esse método.

O melhor dos dois mundos:

Arquitetos podem se beneficiar de ter flexibilidade ao escreverem suas histórias, deixando alguns espaços para a “descoberta”, aumentando assim a espontaneidade.

Jardineiros podem escrever melhor se souberem onde a história termina, o que pode ajudá-los a focar a prosa naquela direção.

Nota sobre a tradução

Eu não gosto do termo “esboçador” para traduzir ‘outliner’, mas acho que é melhor do que “delineador”, que usei para traduzir o vídeo da primeira vez, anos atrás. Outra opção seria chamar de “planejador”.

Em qual dos dois tipos você se encaixa? Já experimentou ambas as maneiras de escrever? Deixe um comentário abaixo falando sobre isso.

Lista com as aulas disponibilizadas até agora no final do link a seguir: https://comoescreverfantasia.com.br/aulas-de-escrita-criativa-gratis-brandon-sanderson/